A 15 dias da eleição presidencial nos EUA, as posições do republicano Mitt Romney e do democrata Barack Obama em política externa são opacas e exibem mais coincidências que divergências.
O assunto que na última década dominou a discussão política nos EUA é hoje prioritário para apenas 1% do eleitorado, segundo pesquisa do Gallup, e suas nuances poderiam ser abafadas se não fosse um detalhe: é este -e só este- o tema do último debate desta campanha, hoje, após uma vitória para cada um nos embates anteriores.
"Nesta campanha, tornou-se difícil descobrir diferenças concretas entre como Obama e Romney lidariam com um mundo raivoso e inflexível que deseja e se ressente da intervenção americana", escreve David Sanger, autor de "Confront and Conceal", sobre a política externa de Obama, no "New York Times".
Romney afirma que a política de Obama é fraca, e o presidente pinta o rival como inepto. Com a campanha focada em questões econômicas, porém, nem o republicano explicou o que faria diferente nem o democrata expôs o que pretende aperfeiçoar.
Distinções claras há apenas duas: Obama prioriza a Ásia enquanto Romney se apega à Europa, e o democrata mostra mais apreço pelo multilateralismo que o rival.
A cacofonia fica óbvia no caso do Irã, maior inimigo no atual ideário americano.
Romney acusa Obama de leniência e defende mais sanções contra Teerã em razão da suposta intenção bélica de seu programa nuclear.
Mas o que Obama fez nos últimos quatro anos foi exatamente ampliar as sanções, a ponto de levar a moeda iraniana à beira do colapso -sem contudo conseguir que os iranianos abrissem a inspeções o programa suspeito.
| Editoria de Arte/Folhapress | |
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Outro antagonista para o qual as estratégias são similares é a China, acusada por ambos de deslealdade no tabuleiro comercial internacional e cuja crescente hegemonia militar regional é alvo de preocupação dos candidatos.
Embora Romney seja mais vocal na atenção militar ao país, Obama fortaleceu as posições dos EUA na Ásia em seu governo. A guerra preferida do democrata, porém, é a comercial, na qual se gaba de ter mais processos na Organização Mundial do Comércio contra Pequim do que seu antecessor, George W. Bush.
Para o Afeganistão, o conflito do qual os EUA ainda não se livraram, o republicano diz que respeitará a decisão dos comandantes militares para a retirada, "ao contrário de Obama". Mas quando indagado sobre o prazo de saída, repete o presidente: 2014.
O democrata não fica atrás em alardear como contraste o que na verdade é repetição.
Parte do sucesso de sua campanha em 2008 se deu pela fadiga bélica do país.
Hoje, porém, soldados dos EUA continuam no Afeganistão; a prisão de Guantánamo ainda abriga suspeitos de terrorismo nunca julgados; os EUA armaram uma desconhecida oposição líbia para derrubar o ditador Muammar Gaddafi e bombardeios na fronteira Afeganistão-Paquistão matam cada vez mais civis.
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