Sebastião e a filha Raíssa
(Foto: divulgação)
O presidente da Associação de Moradores da Comunidade 2 de Maio, também conhecida como Rato Molhado, em Sampaio, no subúrbio do Rio de Janeiro, Marcelo Barbosa, afirmou, na manhã desta quinta-feira (19), que policiais militares entraram na favela na noite de quarta-feira (18) atirando. Segundo ele, não houve troca de tiros e os disparos foram feitos apenas pelos PMs do 3º BPM (Méier).
"Eu afirmo: a polícia já chegou atirando, eu vi quando eles atiraram. Entraram dois policiais, depois entrou uma viatura e outra por trás. Não houve troca de tiros. A polícia chegou, abordou e atirou. Só eles atiraram. Não houve tiro 'do outro lado'. Os disparos eram de grosso calibre. A polícia tem que fazer os serviço dela, a gente aplaude isso, mas a gente tem que mudar essa imagem de que a comunidade só tem bandido", disse Marcelo Barbosa.
A PM, por sua vez, afirmou que desconhece essa informação, e alegou que os policiais foram recebidos a tiros por criminosos. Em nota, a PM disse, ainda, que um suspeito foi baleado durante o confronto e socorrido no Hospital Salgado Filho, no Méier. Com eles, foram apreendidos uma pistola e drogas. Um sargento da PM também foi atingido, mas acabou protegido pelo colete. Além deles, uma menina de 10 foi ferida de raspão por uma bala perdida.
"O tiroteio começou por volta das 17h10. A associação ainda estava funcionando. Quando a gente percebeu, dois policiais apareceram de fuzil e os tiros continuaram. O pessoal começou a correr, aqui ficou cheio, as pessoas tentaram se proteger. Eu sai, tinha duas viaturas. Não teve como fugir. Essa é a terceira vez só esse ano que acontece uma situação como essa, da polícia chegar atirando, nesse mesmo horário", completou o líder comunitário.
Menina ferida está com medo de sair de casa
Vítima da violência, a menina Raíssa de Oliveira Aleluia, que foi atingida pela bala perdida, está com medo de sair de casa. Segundo o pai da criança, o vigia Sebastião dos Santos Aleluia, ela estava levando uma amiga da tia na entrada da comunidade, quando os policiais teriam começado a trocar tiros com criminosos.
“Minha filha nunca foi de sair de casa. Agora está com mais receio ainda”, afirma Sebastião dos Santos Aleluia, que não estava em casa na hora do acidente. De acordo com ele, a família nunca tinha presenciado nada parecido.
"Isso nunca tinha acontecido com a minha família. A nossa comunidade é tranquila e a gente não esperava que a minha filha pudesse sair ferida, baleada, na porta de casa. A gente anda pelas ruas, conhece todo mundo e o clima aqui dentro é de uma grande família. Hoje a comunidade amanheceu mais tensa, com medo porque ninguém sabe o que pode acontecer", falou Sebastião, que tem 30 anos e trabalha como vigia.
De acordo com ele, a menina foi levada para a UPA da região, mas os médicos disseram que não podiam atendê-la. “Coloquei ela num táxi e levei para o Salgado Filho. Apesar do tiro ter sido de raspão na barriga, o susto foi muito grande”, contou o pai da menina.
|
Veja o vídeo contendo a reportagem. (Créditos: Rede Glo |
Durante o confronto, duas pessoas foram atingidas e, em função disso, traficantes teriam incitado moradores a queimar um ônibus como forma de protesto. O incêndio foi próximo à Favela do Rato Molhado, uma comunidade não pacificada.
Segundo a polícia, os moradores se revoltaram contra uma operação policial
As opiniões expressadas nos comentários deste blog não refletem a opinião do OSUPERPOST.COM.BR nem de nenhum de seus colaboradores. Elas não são, portanto, de responsabilidade do site.